Pode Crê

Fídiquem? do Mineiro; Bixxcoito do Carioca; Mâno do Paulista. Sotaques

Clecio Almeida Season 1 Episode 3

Send us a text

Imagine um país tão vasto que abriga dezenas de formas diferentes de pronunciar a mesma palavra. Um lugar onde o modo como você fala revela sua história, sua origem e até mesmo suas tradições familiares. Bem-vindo ao fascinante universo dos sotaques brasileiros!

Nesta jornada linguística, exploramos a riqueza do português brasileiro em todas as suas manifestações regionais. Dos "erres" retroflexos do interior paulista ao "esses" chiados cariocas, das vogais abertas nortistas à musicalidade nordestina, cada sotaque é uma impressão digital sonora que conta histórias de colonização, migração e identidade cultural.

Descobrimos juntos as origens dessa diversidade impressionante: a influência de línguas indígenas, africanas e europeias, o isolamento geográfico que perdurou por séculos e a vastidão territorial que permitiu o desenvolvimento de verdadeiros "países" linguísticos dentro de uma mesma nação. Você sabia que o Brasil tem mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados? É quase uma Europa inteira!

Mergulhamos nas particularidades regionais que encantam e surpreendem: os gaúchos com seu inconfundível "barbaridade, tchê", os mineiros economizando palavras ("badapia" para "embaixo da pia"), os baianos transformando frases inteiras em melodias, os paulistanos com seu "r" gutural e os cariocas com suas gírias inovadoras. E não esquecemos das eternas disputas: é biscoito ou bolacha? Mandioca, macaxeira ou aipim?

Mais do que uma curiosidade, nossos sotaques são tesouros culturais que merecem valorização. Como disse o poeta Mauro Kitana, "o sotaque é a alma da palavra, porque é nele que mora nossa infância, nossa terra e nossa gente". Não permita que diferenças regionais sejam motivo de preconceito - elas são justamente o que torna nossa língua tão rica e expressiva.

Embarque conosco nessa viagem pelos sons do Brasil e redescubra o valor de cada pronúncia, cada expressão regional, cada forma única de dizer a mesma coisa. Afinal, somos todos brasileiros falando a mesma língua, apenas com sotaques diferentes que contam histórias igualmente importantes.

Ekletico School of Music
One of the best music schools in the North Shore area. All instruments for all ages!

Disclaimer: This post contains affiliate links. If you make a purchase, I may receive a commission at no extra cost to you.

Support the show

Follow us at Instagram @podclecio

Speaker 1:

Olá, seja muito bem-vindo, muito bem-vinda ao Pode Crer. Meu nome é Clécio Almeida e eu sou muito grato a Deus pela vida de vocês. Estou vendo pessoas de vários estados americanos e do Brasil me dando a honra de ouvir nosso podcast. Tem gente até da Itália e da Dinamarca nos ouvindo Calma. Ainda não somos um sucesso mundial, não é isso. Mas é muito bom perceber que pessoas de Cuiabá, roma, duque de Caxias, califórnia, barra de São Francisco, havaí e muitos outros locais estão me dando a honra de ouvir o nosso podcast. Isso me faz lembrar uma história chamada The Star Thrower seria mais ou menos lançador de estrelas de Lauren Isley. Ela narra que um certo dia um escritor estava andando pela praia e notou que, com a maré baixa, milhares de estrelas do mar estavam presas na areia. Sem poder retornar para a praia, viu que um menino estava pegando uma a uma e jogando de volta ao mar. O escritor tentou dissuadir o menino dizendo que eram milhares de estrelas no mar e que não faria muita diferença. Laurie conta que o menino segurou uma estrela, jogou ao mar e disse e made a difference for that one. Para essa fiz diferença. Pois bem, se para uma pessoa esse episódio fizer diferença, já valeu. Gente, esse é o Pode Crer. Hoje a gente vai fazer uma viagem diferente, sem pegar avião, sem gastar com hotel, mas com muitas histórias e sonhos.

Speaker 1:

Nosso destino, o incrível mundo dos sotaques brasileiros aqui no Pode Crer. Sabe o que eu percebi morando em um país cosmopolita? morando em um país cosmopolita é que às vezes estou em uma sala com cinco pessoas de cinco nacionalidades diferentes, com culturas distintas e idiomas diferentes, que têm apenas um desejo de dar uma vida melhor para os seus filhos ou para si mesmo. Essa diversidade poderia ser enriquecedora, mas às vezes, e para algumas pessoas, ela repele. Enriquecedora, mas às vezes, e para algumas pessoas, ela repele. Infelizmente. Rotulamos as pessoas pela sua maneira de falar, porque isso facilita nossa defesa. Somos às vezes preguiçosos em tentar conhecê-las usando o atalho do rótulo, do label. Condicionamos as pessoas e a reduzimos em um estereótipo que em suma e certamente é sempre injusto.

Speaker 1:

Posso dar um exemplo desagradável Às vezes nós ouvimos por aí africanos são preguiçosos, que russos são invasivos, que os hispanos não se adequam à cultura americana, que os indianos não gostam de tomar banho, que os franceses são esnobes, que os portugueses são rudes, que os brasileiros são espertos. E essas pessoas são detectadas pela aparência e sobremaneira, pelo sotaque. Quanta injustiça e quanta inverdade. Gostaria de exaltar os sotaques brasileiros como uma forma de autovalorização de quem somos brasileiros. Como uma forma de autovalorização de quem somos. Essas diferenças devem nos despertar para o aprendizado e não e nunca para o preconceito.

Speaker 1:

Vivemos em pequenos países, acoplados em um mesmo Brasil. Seja sudestino ou nordestino, somos Brasil. Você já reparou que a mesma palavra pode soar completamente diferente de onde você está no Brasil. Pois é. Cada sotaque é como um cartão de visitas que conta a nossa história, revela nossas origens e até entrega de onde a gente veio. Então, prepare o ouvido, porque hoje a gente vai percorrer o Brasil de norte a sul. Porque hoje a gente vai percorrer o Brasil de norte a sul, de sul a norte, ouvindo particularidades, entendendo os porquês e, é claro, aprendendo algumas gírias e dialetos.

Speaker 1:

Nessa caminhada, sabia que lá na Bíblia há um caso muito peculiar de alguém que foi reconhecido pelo seu sotaque. Eu sei que você sabe. Eu vou te dar cinco segundos para você lembrar. É isso mesmo Pedro. Ele estava tentando fingir que não conhecia Jesus com medo de morrer, porque Jesus estava indo morrer na cruz do Calvário. Mas Pedro foi descoberto pelo seu sotaque. Olha só o que Mateus nos diz. Pouco depois alguns dos outros ali presentes vieram a Pedro e disseram você deve ser um deles. Percebemos pelo seu sotaque. Galileu Está lá registrado em Mateus 26, 73.

Speaker 1:

Até mesmo a Bíblia registra o peso de um sotaque. Antes de viajar pelo mapa, é bom entender porque temos tantos sotaque. Antes de viajar pelo mapa, é bom entender por que temos tantos sotaques assim. Primeiro, o tamanho do Brasil São 8.511.965 km². Vou repetir 8.511.965 km².

Speaker 1:

Talvez seja a única informação que eu tenha memorizado nas aulas de geografia. Infelizmente tornou-se uma informação inútil, porque dizem que o Brasil aumentou de tamanho, mas tem mais de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados. Gente, é quase o tamanho de uma Europa inteira. Segundo, a história, nosso idioma veio do português, mas foi temperada com palavras e sons de línguas indígenas africanas e depois por imigrantes italianos, franceses, japoneses, árabes e muitos outros. Há muitas palavras, por exemplo em português, que foram adotadas do francês, por exemplo em português, que foram adotadas do francês, por exemplo abajur, vitrine, shampoo, boate, tete-a-tete, e por aí vai.

Speaker 1:

Terceiro, o isolamento. Até o século XX, viajar entre estados era muito caro e demorado. Isso manteve os sotaques bem marcados e bem delenados e bem regionalizados. Olha só que interessante. No sul a influência europeia é muito presente, especialmente de alemães e italianos. Eles falam coisas assim como capaz, trilegal, barbaridade, bá São alguns exemplos sulistas. Barbaridade ba são alguns exemplos sulistas. Eles falam muito tu vais, tu queres tu fostes.

Speaker 1:

No norte há uma forte influência indígena. As vogais são geralmente mais abertas e a fala tem um ritmo tranquilo. Por exemplo, a palavra peixe, no norte o xi sai mais suave Peixe, peixe, vamos comer um peixe. Outra curiosidade é que muitas palavras vêm do tupi, como por exemplo abacaxi, taperebá, cupuaçu. Lá no nordeste a entonação é mais cantada, com variações entre litoral e interior. A palavra porta, por exemplo, no interior do Ceará vira porta, porta com um R bem vibrante. Já o baiano. Ele consegue pegar a frase olhe para essa pessoa e transformar para opa isso ó E.

Speaker 1:

No Recife a fala é mais rápida e cheia de vogais aberta. O centro-oeste mistura influências do sudeste e do nordeste com fala mais pausada nas áreas rurais. A palavra café, por exemplo, lá muitas vezes é falada com o é mais fechado café, como se fosse um acento circunflexo, no é. Também é comum encontrar expressões ligadas ao campo e ao Pantanal. No Sudeste as diferenças aparecem até dentro do mesmo estado.

Speaker 1:

Em São Paulo, por exemplo, existe diferença do sotaque da capital e do interior. Algumas palavras com R são pronunciadas de forma diferente. Se você mora na capital, as palavras porta forte, termômetro, mormaço, são chamadas de RTAP. Mas se você mora no interior paulista, as mesmas palavras são pronunciadas de maneira diferente, chamada de aproximante, retroflexo ou caipira. Retroflexo ou caipira. Porta forte, termômetro, more muscle, são as maneiras que geralmente as pessoas que são consideradas caipiras falam, ou pessoas do interior paulista.

Speaker 1:

No Rio o S no final vira um X, mais vira mais, mais vira mais. Isso por causa da fortíssima influência dos portugueses. O Rio também é uma academia de gírias. Se você fizer uma pergunta muito óbvia ao carioca, ele vai responder ainda. Se ele te chamar de meu irmão, fique feliz, é uma conjunção de meu e de irmão. Esse é um bom sinal. Se ele disser que o papo é reto, a conversa vai ser séria. Já os mineiros economizam as palavras Embaixo da pia. Por exemplo, vira badapia Pode pôr o pó, vira popoupó, Tomar conta de criança. Vira, olhar menino, olhar menino, mesmo que sejam apenas meninas. Onde você mora, vira onde você mora E quanto custa com o? que é? Que interessante essas diferenças que nós temos em estados tão próximos como Minas, são Paulo e Rio de Janeiro.

Speaker 1:

Mauro Kitana, um poeta gaúcho, disse sabiamente uma vez que o sotaque é a alma da palavra, porque é nele que mora nossa infância, nossa terra e nossa gente. Luiz Fernando Veríssimo disse algo acertadamente, de que o sotaque não é erro, mas uma marca do lugar de onde viemos Uau, quanta profundidade, viemos, uau, quanta profundidade. Bom, eu não tenho nada para falar do sotaque capixaba, porque o povo capixaba é acusado nacionalmente de não possuir trajeitos linguísticos, nem sotaque nem particularidade. Mas olha só, eu não vou me meter nessa polêmica. E quando a mesma palavra tem variações de nomes dependendo do estado, olha só, gente.

Speaker 1:

Aipim, mandioca e macaxeira é a mesma coisa, poncã, tangerina, mexerica, idem. Pãozinho, pão francês, pão de sal, mesma coisa. Lagartixa, taruíra, briba, mesmíssima coisa. Pião, fubeca, arraia, idem. Biscoito e bolacha é uma luta particular entre paulistas e cariocas. Carioca diz que é biscoito e paulista diz que é bolacha. Ninguém está errado, então não precisa corrigir ninguém. É apenas a maneira que você fala no seu estado ou na sua região.

Speaker 1:

Permita-me fazer uma pequena comparação dos idiomas inglês e português para exemplificar a dificuldade que o nosso idioma possui, até para nós, os nativos. Veja só o verbo to make. Em inglês tem quatro variações make, makes, variações make, makes, made e making. Já em português temos Fazer, faço, fazes, faz, fazemos fazês, fazês, fazia, fazia, fazíamos, fazias, faziam, fiz, fizestes, fez, fizemos, fizestes, fizeram, fizeras, fizera, fizéramos fizeres, farear e memorizar, conjugar todos esses verbos. Deixa eu dar um trabalho de casa, um dever de casa. Aqui para vocês Conjuguem o verbo colorir E depois vocês mandam para mim uma mensagem. Como é que ficou essa conjugação? Perceberam a riqueza do nosso idioma e como ele varia nos diversos Brasis?

Speaker 1:

Nem estou mencionando as variações do nosso idioma, falado apenas por imigrantes que moram nos Estados Unidos. Exemplo passar o spray, espreiar, passar o aspirador de pó, vequear, estacionar, parquear, pedir uma comida, pegar um to-go. Dá para entender porque a continentalidade do nosso país impõe nuances que deveriam ser um fator enriquecedor e não de desagregação. Eu sei que o episódio de hoje pode parecer utópico, mas somos moradores do mesmo país e nossas diferenças regionais, culturais e linguísticas não nos tornam superiores ou inferiores a ninguém. Tornam superiores ou inferiores a ninguém.

Speaker 1:

Seja cantado, arrastado, rápido ou cheio de musicalidade, cada sotaque carrega uma história, afeto e identidade. Eles não devem nos separar, mas se nos lembrar de que, apesar das diferenças na fala, a língua que nos conecta é a mesma. Que a gente aprenda a ouvir não só as palavras, mas também o som único de cada voz e reconhecer esse mosaico de sons. A riqueza de sermos diversos Viu só. Cada sotaque é como uma impressão digital de nossa fala, único, irrepetível e cheio de história. Então, da próxima vez que você encontrar alguém que fala diferente de você, preste atenção.

Speaker 1:

Ali tem geografia, cultura e memória viva E, quem sabe, até uma amizade pode nascer para que ele ou ela possa te ensinar alguma coisa. Uns falam mandioca, alguns falam macaxeira e outros aipim. Cada um tem a maneira de falar, nem certo e nem errado. Cada um tem sua identidade, sua idiosincrasia, sua particularidade. Bem gente, obrigado por nos acompanhar. Compartilhe esse link com o máximo de pessoas possíveis. Coloque lá no grupo do WhatsApp, nos siga no Instagram. Arrobaprclécio De Instagram. Arrobaprclécio De novo arrobaprclécio Para anunciar o nosso podcast 978-836-0927. Grande abraço a todos. Esse foi mais um episódio do nosso podcast. O Podcast Pode Crer. Tchau, gente, obrigado.

Podcasts we love

Check out these other fine podcasts recommended by us, not an algorithm.

Pode Crê Artwork

Pode Crê

Clecio Almeida