Pode Crê

Você Não é e Nunca Foi Pior Que Os Outros

Clecio Almeida Season 1 Episode 18

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Já se pegou comparando seu bastidor com o palco perfeito dos outros e concluindo que não é suficiente? Nesta conversa franca, abrimos a caixa-preta do sentimento de inferioridade, mostramos como ele pode ser um motor de crescimento segundo Alfred Adler e quando se transforma em uma identidade que paralisa. Passamos pelos bastidores da dismorfia corporal, pelo papel corrosivo das redes sociais e pelos disfarces mais comuns: perfeccionismo, arrogância e controle. Também discutimos o “gêmeo” incômodo, o complexo de superioridade, como uma tentativa de compensação que encobre medo e fragilidade.

Trazemos a perspectiva de Paul Tournier sobre valor intrínseco e propósito, e conectamos esse olhar à prática diária: reconhecer gatilhos, exercitar autorreconhecimento, cultivar autocompaixão e evitar comparações que não fazem sentido. Falamos de autossabotagem com exemplos claros — procrastinação, busca de aprovação, autocrítica e autonegligência — e explicamos por que o cérebro tenta nos proteger da dor e acaba nos afastando do sucesso. O caminho para virar o jogo passa por linguagem interna precisa, aceitar o desconforto do crescimento e celebrar pequenos avanços que reprogramam crenças.

Compartilhamos uma história pessoal sobre mostrar a primeira música para a plateia errada e a lição de ouro que ficou: nem todo mundo merece ouvir seus rascunhos. Validar o outro e escolher quem escuta nossos sonhos pode ser a diferença entre paralisar e progredir. A boa notícia é que existe um antídoto acessível: contribuição. Quando servimos, ajudamos e amamos, descobrimos valor real que não depende de métricas externas. Dê o play, reflita com a gente e leve uma prática concreta para sua semana: qual pequena vitória você vai celebrar hoje? Se este papo te fez bem, siga o podcast, avalie no seu app preferido e compartilhe com alguém que precisa ouvir.

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SPEAKER_00:

Hello everyone! Hi pessoal, tudo bem, gente? Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais um episódio do seu podcast, o Podcast Pode Crer. Esse é um espaço onde a gente conversa sobre o que sente e o que pensa. Para quem nos acompanha há algum tempo, os nossos temas são sempre variados e reflexivos. Hoje o tema é profundamente humano. Vamos falar sobre o sentimento de inferioridade. Aquele peso invisível que faz a gente achar que nunca é bom o bastante, que o outro sempre está um passo à frente e que talvez só talvez a gente nem mereça estar onde está. Vamos refletir juntos aqui no seu podcast. Pode crer. Mas na verdade, o que seria sentimento de inferioridade? Bom, o psicólogo Alfred Adler, fundador da psicologia individual e autor do livro O Sentimento da Vida, diz que o sentimento de inferioridade não é ruim em si. Ele faz parte da experiência humana. Todos nós, em algum momento, sentimos que não somos suficientes, seja por comparação com os outros ou seja por padrões que nós mesmos criamos. Na visão de Adler, esse sentimento pode até ser um motor para o crescimento. Ele surge quando percebemos uma limitação e pode nos impulsionar a melhorar, a aprender, a evoluir. Mas o problema aparece quando esse sentimento deixa de ser um impulso e passa a ser uma identidade. Quando a gente começa a acreditar que é inferior e não apenas se sente inferior. É aí que ele se transforma em algo paralisante. O desencadeamento desse sentimento cria um efeito cascata, complexo de inferioridade, depois inadequação, inveja, tristeza, pessimismo, negatividade, ostracismo e por aí vai. São filhos e filhas de um sentimento de aparente inferioridade. Diversas modelos famosas, bem-sucedidas, relataram ter lutado contra distúrbios de autoimagem, dismorfia corporal ou baixa autoestima, apesar de serem consideradas belas pelo público e pela indústria. Não há uma única história, mas sim um padrão de experiências que revelam a pressão e a fragilidade por trás da imagem perfeita. Eu fui pesquisar o que seria dismorfia corporal, que é um defeito, entre aspas, que a pessoa possui e ela foca nesse defeito todos os dias ao se olhar no espelho. Ela se entristece com a pinta do nariz, ou o tamanho dele, com o cabelo, ou a falta dele, no tamanho do queixo e busca maneiras de se esconder de alguma forma, provocando um sentimento assim de inferioridade, por mais bonita que a pessoa seja. Quando se trata de complexos de inferioridade, o espectro da competitividade e comparação acabam ficando latente na vida das pessoas. Harry Cavell, considerado o homem mais bonito da atualidade, segundo alguns, esse mesmo que interpreta o super-homem, disse em relação à sua aparência que se sente inseguro todas as manhãs quando se olha no espelho, completando em seguida que todos em suas mentes, segundo ele, não se sentem suficientemente atrativos. Fique atento, porque por mais curioso que possa parecer esse sentimento, nem sempre ele se mostra de forma clara. Às vezes ele vem disfarçado de arrogância, de perfeccionismo, de controle excessivo ou até de indiferença. E aqui vale ressaltar que o perfeccionismo não é uma qualidade e sim um defeito. Não confundir uma pessoa detalhista com alguém perfeccionista. Irmão gêmeo do complexo de inferioridade é o complexo de superioridade. Muitas vezes, por trás dessa busca por superioridade, existe alguém tentando provar para si mesmo que não é tão pequeno quanto se sente. Adler diz que é uma tentativa de compensar o sentimento de inferioridade com uma aparência de força. Olha só, gente, existem formas silenciosas de complexo de inferioridade. A pessoa tem dificuldade de aceitar elogios, por exemplo, segundo ele lista, a sensação constante de impostor, mesmo depois de grandes conquistas, o medo de se expor, de se arriscar, de tentar algo novo e, claro, a autossabotagem, quando a gente cria obstáculos inconscientes para não ter que lidar com a possibilidade de falhar. E de onde vem tudo isso? As raízes são profundas. Muitas vezes começam lá na infância, nas comparações entre irmãos, nas críticas constantes ou na sensação de nunca corresponder às expectativas de alguém importante, como os pais, tios, professores. Mas também vem da sociedade em que vivemos, a era da performance, do melhor de si, da comparação constante nas redes sociais. É difícil não se sentir pequeno quando todo mundo parece mais bonito, mais produtivo e mais felizes lá na rede social. Mas o que a gente esquece é que a comparação é sempre injusta, porque comparamos o nosso bastidor com o palco do outro. Quando eu converso, por exemplo, com adolescentes que são, na verdade, mais suscetíveis a esses conceitos, eu digo que por trás daquela foto da menina exuberante e famosa do Instagram ou na rede social, existe uma maquiadora profissional, um personal stylist, fotógrafo, nutricionista, personal trainer e por aí vai. Se compararmos com a foto tirada com o telefone celular e um filtro de 1 dólar e 99 centavos, não é justo, nada justo. E como vencer esse sentimento de inferioridade? Paul Nortier é um psicólogo cristão, diz que o sentimento de inferioridade nasce quando uma pessoa tenta definir o seu valor com base na comparação com outros - aparência, sucesso, dons ou aprovação. O primeiro passo é perceber que esse padrão é falso. O valor humano não vem de desempenho, mas do fato de sermos pessoas criadas e amadas por Deus. A verdadeira libertação vem quando deixamos de medir nosso valor segundo os olhos dos homens, diz Paul Tourtier, no seu livro Culpa e Graça. A primeira coisa é reconhecer. Admitir que ele existe já é um passo enorme. E lembrar, sentir-se inferior não significa ser inferior. É uma emoção, não uma verdade, sobre quem você é. Segundo Alfred Adler, algumas estratégias podem ajudar. Autorreconhecimento. Observe seus pensamentos e padrões. Quando você se sentir menor, pergunte-se de onde vem essa sensação. Ela é real ou é uma história que eu conto para mim? 2. Autocompaixão. Fale consigo mesmo como falaria com um amigo. Ninguém cresce sob o peso da culpa. Crescemos com gentileza e paciência. Não seja cruel consigo mesmo. 3. Evite comparações. A única comparação justa é com quem você era ontem. 4. Busque propósito. Adler dizia que o antíodo para o sentimento de inferioridade é o sentimento de contribuição. Perceber que você tem um valor, algo único a oferecer ao mundo. Curiosamente, tanto Adler como Tornier dizem que a melhor forma de vencer o sentimento de inferioridade é voltar-se para o outro. Quando a pessoa começa a ajudar, amar e servir, ela descobre que tem valor real, independentemente da comparação. Algo que vem no vagão do trem do complexo de inferioridade é a autossabotagem. Cuidado com a autossabotagem. É quando o medo, a insegurança ou o sentimento de incapacidade assumem o volante da nossa vida. Comumente, a autossabotagem e o sentimento de inferioridade estão sempre de mãos dadas. É quando surge uma oportunidade incrível, mas a gente começa a se convencer de que ainda não está pronto, ou quando um relacionamento está indo bem e de repente a gente se afasta com medo de se machucar. A autossabotagem é uma forma de autoproteção. O cérebro tenta evitar a dor de uma possível falha, rejeição ou exposição. Mas o preço é alto, porque tentando evitar o fracasso, a gente acaba evitando o sucesso. O sentimento de inferioridade e a autossabotag são irmãs. Quando você acredita, lá no fundo, que não é bom o bastante, qualquer passo adiante gera desconforto. E esse desconforto cria comportamentos que confirmam a crença inicial. Eu não sou capaz, logo não tento. Como não tento, não consigo. E como não consigo, confirmo que não sou capaz. Um círculo vicioso. Existem formas sutis de autossabotagem e pode se manifestar de várias formas. Por exemplo, a procrastinação, deixar para depois o que mais importa. Perfeccionismo, nunca começar algo porque ainda não está bom. Autocrítica excessiva, transformar cada erro em um julgamento, comparação constante, medir o próprio valor pelo resultado dos outros, autonegligência, cuidar de todos, menos de si mesmo, buscar aprovação, viver para agradar e não ser autêntico. Tudo isso nasce do mesmo medo, o medo de não ser suficiente. E como quebrar o ciclo da autossabotag? Na verdade, é um processo. Ele começa com autoconsciência. Substitua eu não consigo por ainda estou aprendendo. As palavras que você usa moldam a sua realidade emocional. Aceite o desconforto do crescimento. Mudar dá medo, mas sentir medo não significa estar errado. Significa que você está evoluindo. E celebre os pequenos progressos. Valorize cada passo, mesmo os menores. Isso reforça a crença de que você é capaz. Escolha a pessoa adequada para contar suas vitórias. Eu me lembro que eu compus uma música, minha primeira música, e foi um jazz extremamente poético, com uma letra cheia de significado. Eu era adolescente e eu queria mostrar em palavras e colocar numa música o que estava sentindo naquele momento. E eu mostrei aquela música para o meu melhor amigo. Ele era um cara super pragmático, preto no branco e nada poético. Terminei de cantar pra ele a música, ele olhou nos meus olhos e disse assim: Música horrível, sem sentido e podre. Essas foram as palavras dele. Era a minha primeira música, e aquilo poderia me bloquear para sempre. Eu creio que ele não falou por mal. Ele só não tinha o olhar certo para aquilo. Bom, enfim, hoje eu tenho várias músicas e algumas delas até publiquei no iTunes e no Spotify. Eu aprendi uma coisa. Nem todo mundo merece ser o primeiro a ouvir uma música que eu compus ou um sonho. Mostre suas canções e conquistas para quem vai te jogar pra cima, não pra baixo. E um elogio pode mudar tudo ou uma crítica pode te derrotar. E sabe o que eu acho bonito? As mulheres dão uma aula nesse quesito. Note o comentário das amigas. Linda! Arrasou, amei seu look, que maravilhosa. Isso é incrível, porque faz bem, é um gesto simples de incentivo, mas que ajuda quem postou a se sentir vista e validada. A loja da Messias faz isso, já percebeu? Quando você compra uma roupa, a atendente sempre diz na hora do check-out. Linda essa cor, parabéns, que tecido maravilhoso. Mesmo que seja uma estratégia de vendas, a gente sai se sentindo bem, não é mesmo? Porque todos nós precisamos de vez em quando de uma palavra que nos lembre que fizemos uma boa escolha. Então vamos lá, recapitulando. Lembre-se, não permita que o sentimento de inferioridade te paralise ou a autossabotag te engane. Celebre suas vitórias com quem te impulsiona. Escolha com cuidado para quem você vai contar os seus sonhos. E acima de tudo, não se esqueça, você não é menor do que ninguém, apenas diferente. E é exatamente isso que te torna alguém único. Deus nos diz, eu é que sei que pensamentos têm a vosso respeito, e diz mais ainda, vocês são menina dos meus olhos. Bom, se você gostou desse episódio e acha que alguém pode ser inspirado, compartilhe. Lembre que estamos em todas as plataformas de podcast, desde o Spotify até o Apple Podcast. Não se esqueçam de nos seguir lá no Instagram, arroba podclass, mais uma vez, arroba podclass. Grande abraço a todos. Esse foi mais um episódio do seu podcast. Pode crer.

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