Oi, tudo bem pessoal? Desculpa, acordei quase agora. Hoje eu queria falar exatamente sobre isso. Quero falar sobre cansaço. Olha só o que a vida faz conosco: demanda, prazos, faça isso, faça aquilo, não fale assim, ou fale assim, seja forte, cumpra metas, e por causa disso tudo, dessas demandas, talvez você esteja cansado. Não um cansaço comum, mas aquele cansaço que pesa no peito, que não melhora com um simples descanso, aquele que parece morar na alma. Esse episódio foi inspirado em uma conversa franca que eu tive com meu filho e com um amigo meu. Eu disse pro meu filho que ele parecia cansado. Ele me disse que o seu trabalho estava exigindo muito dele. Metas, produtividade. A faculdade havia aumentado a carga de trabalho de casa. Ele me disse, they want more and more and more of me. Conversando com um amigo, ele me disse que havia reparado que as pessoas pareciam muito cansadas, e ele percebia isso nos olhos delas. Hoje quero falar sobre esse assunto que todos nós de alguma forma enfrentamos todos os dias. O cansaço, aqui no seu Podcast. Pode crer. Parece que já acordamos cansados, não é mesmo? Carregando mais peso do que poderia, nos cobrando demais, tentando, tentando, tentando, e mesmo assim parece que não é suficiente. Minha aluna de 15 anos entrou na minha sala essa semana e disse: I am tired. Segunda a segunda, demandas, terapia, piano, ginástica, escola, aulas de reforço, trabalhos de casa, que parecem infindáveis. Logo em seguida às suas reclamações, eu perguntei se ela havia estudado a música que eu havia passado na semana anterior. Ela se jogou na cadeira desanimada e disse, Até meu professor de piano tem demandas para mim. Sim, as pessoas estão drenadas. Ainda mais nós que moramos aqui em Massachusetts, onde o dia, nessa época do ano, escurece às quatro da tarde, o dia fica mais escuro e parece que não deu tempo para fazer nada. Esse cansaço não se resolve dormindo apenas. Tem nome, cansaço emocional. É o cansaço de quem tenta ser forte o tempo inteiro, de quem não quer decepcionar ninguém, de quem se coloca sempre em último lugar, de quem carrega responsabilidades, levantar cedo quando ninguém está vendo e voltar para casa quando já anoiteceu. E talvez você ache que se sentir cansado é fraqueza, mas não é. Segundo Ben Brown, coragem não é parecer forte o tempo todo. Coragem é admitir que você não está bem. E mesmo assim continua caminhando passo a passo. Então, se você hoje está exausto, não é porque você é fraco, é porque você passou, quem sabe, tempo demais tentando ser forte e você precisa descansar. Existe uma frase de Marco Aurélios que diz o obstáculo é o caminho. Deixa eu explicar. Ninguém ganha força na facilidade, ninguém cresce quando tudo parece estar confortável. A força surge quando você atravessa dias difíceis e mesmo assim não desiste. A terapia, aulas de piano, leituras e trabalhos de casa infindáveis da minha aluna são, na verdade, mecanismos que ela precisa cumprir para crescer em todos os aspectos e precisam ser encarados de uma outra forma. Senão, realmente, até mesmo uma viagem de férias pode se tornar um peso. Mas aqui vai uma verdade que quase ninguém fala. Você não precisa estar bem para continuar, mas precisa continuar para um dia ficar bem. O progresso não pede permissão, ele começa pequeno, num passo de cada vez, num gesto minúsculo que parece não fazer diferença, mas faz. A motivação não cai do céu, a motivação nasce da ação, mesmo da ação pequena, quase invisível. Sabe aquela sensação de estagnação? De que todo mundo anda, e menos você? Quase sempre ela não tem a ver com falta de capacidade, tem a ver com exaustão mental. No livro Mindset, Carol Dweck, que cito sempre aqui, ela explica que o nosso cérebro interpreta desafios de duas formas. Como ameaças, quando estamos sobrecarregados, como oportunidades, quando estamos equilibrados. Percebeu a diferença? Se você está cansado demais, tudo parece um monstro gigante. Uma tarefa simples vira um muro. Um pequeno problema vira uma montanha. Para minha aluna de piano, um sábado com seu irmão mais novo deixa de ser algo prazeroso e passa a ser uma tarefa exaustiva. Mas aqui está um ponto importante. Você não está travado, você está sobrecarregado, sobrecarregada. E sobrecarga não é identidade, é estado, e ainda bem que estados mudam. E eles começam a mudar quando você detecta isso e simplesmente aperta o botão de reset e descansa. Existem dias em que levantar da cama já é uma vitória. E tudo bem, não há nada errado nisso. O alto desempenho, que as pessoas chamam, que você vê por aí, não funciona para quem está exausto. Mas existe uma força que funciona, o microhábito, hábitos atômicos que tanto eu falo nos meus episódios. Charles Durrigg explica que grandes mudanças não começam com grandes ações, começam com ações minúsculas que criam um efeito dominó. Então hoje eu gostaria de dar alguns conselhos práticos. Reconheça que o cansaço não é fraqueza, mas é limite. Cansaço físico extremo não significa que você não é suficiente, significa que seu corpo está pedindo respeito. Você não falhou, você apenas chegou no limite natural de qualquer ser humano. Tire pausas curtas, mas reais. Não precisa ser uma tarde inteira, embora ajudareia. Mas faça pausas intencionais. 5 minutos longe da tela, dez minutos de caminhada lenta, 3 minutos de respiração profunda, 15 minutos sem estímulos, pequenas pausas quebram o ciclo da exaustão. Dorma. Mesmo que você não consiga dormir direito, busque ao menos. Não é sobre perfeição do sono, é sobre criar uma chance de recuperar energia. Pare e pense, se você deitar uma hora mais cedo todos os dias, em uma semana você terá uma noite inteira de sono a mais, e no mês, você ganhará quatro noites de sono a mais. Coma para se recuperar, não só para sobreviver. Quando você está drenado, o corpo pede combustível. Passamos a noite toda sem comer, levantamos e nada comemos. O corpo precisa de energia e claro que não podemos esperar performar se o carro, que é o nosso corpo, está sem gasolina. Carregamos a bateria do nosso celular, mas não preparamos o nosso corpo para iniciar o dia. Liste o que realmente precisa fazer e elimine o resto. Quando estamos exaustos, fazemos tudo no modo automático e nos sobrecarregamos ainda mais. Pergunte: Isso precisa ser feito hoje? Tem que ser feito por mim? Agora, nesse momento? Se a resposta for não, apenas solte. Pare de se cobrar tanto, você não precisa ser perfeito. Fale consigo mesmo como falaria com alguém que você ama. Calma, faz o possível. O resto a gente ajusta. Isso tira 30% do peso mental na hora. Faça algo que sinalize que você se importa com você mesmo. Pode ser um banho quente, deitar 10 minutos no escuro, uma música leve, um alongamento de 3 minutos, masagear as mãos, hidratar o rosto, tomar um chá, uma sopa quentinha, pequenos gestos manda uma mensagem ao cérebro. Eu estou cuidando de você. E isso muda tudo. Peça ajuda quando for possível. Dividir tarefas não é fraqueza, é inteligência emocional. Um dos homens que mais admiro na história e na Bíblia se chama Paulo, apóstolo Paulo. Mesmo sendo o homem responsável pela pregação do Evangelho fora das paredes judaicas, ou seja, o responsável por todo o Ocidente ter o Evangelho, ele disse a Timóte uma vez: Preciso de você, venha estar comigo. Estou sozinho. Soluções aparecem quando nós dividimos o fardo. E lembre-se, não tome decisões importantes enquanto estiver drenado. Cansaço distorce a percepção. Adie o que puder quando estiver nessa situação. Cuide primeiro da energia básica. E deixa eu ratificar os hábitos atômicos. Eu sei, eu falo demais sobre esse tema. Por que eu insisto nessa técnica de pequenos hábitos fragmentados? Porque precisamos aprender a dividir o dia e nossas ações em blocos, em pequenos blocos. Eu tenho um amigo que é chefe de um restaurante. Ele entra às 7 da manhã e vai até as 7 da noite, 12 horas por dia. Ele me disse que, para que o dia passe rápido, ele divide o dia em café da manhã, almoço e jantar. Quando ele termina de servir o café da manhã, ele diz um terço do dia já foi, agora faltam apenas duas tarefas. Deixa eu repetir o que eu disse no episódio anterior. Pequenos passos criam movimento. Movimento cria uma direção. Direção cria propósito. Propósito cria motivação e motivação cria vida. E outra coisa. Será que se alguém que você ama estivesse passando pelo que você está passando, por essa exaustão, por esse cansaço emocional? Será que você falaria com essa pessoa do jeito que você fala consigo mesmo? Será que você diria que ela está fraca? Será que você diria que ela precisa ser mais produtiva? Será que você diria que ela não está rendendo mais? Claro que não. Você provavelmente abraçaria essa pessoa e diria, calma, apenas descanse, eu não estou aqui para cobrar você. Então por que você fala consigo mesmo desse jeito tão duro? Eu sei. Parece que todos estão exigindo algo de nós. Estamos cercados de demandas. Cuide de sua saúde. Não coma isso, não beba aquilo. Você está engordando, você precisa de um hobby, seu relatório está atrasado, leia mais, saia mais, por que não namora? Por que não casa? Por que não tem filhos? Ufa! Às vezes nos sentimos endividados emocionalmente com excesso de cobrança que nos são feitas. E precisamos detectar e saber a diferença do que é importante e o que é prioridade. Importante tem valor, prioridade tem ordem. O importante fala do significado. A prioridade fala do tempo. Muita gente se sente perdida ou sobrecarregada porque vive resolvendo prioridades e ignorando o que é importante. E isso gera estresse, sensação de estagnação e fadiga emocional. O que é mais importante constrói a sua vida. O que é prioridade organiza o seu dia. Vivemos na cultura da urgência, onde a tecnologia e a competitividade nos empurram para a instantaneidade, gerando ansiedade, estresse e sensação de que tudo é para ontem, prejudicando a qualidade e o bem-estar. A cultura da urgência, tudo é para ontem. E essa cultura foi popularizada com a internet e os smartphones, criando expectativa por respostas e entregas em tempo real. E isso nos impacta com ansiedade, estresse e esgotamento mental. Paciência e processo. Aceitar que o processo e as grandes conquistas levam tempo e que forçar tudo para ser instantâneo é a arte do imediatismo. Como podemos vencer então a exaustão? Respirar. Sim, desacelerar, observar o tempo natural das coisas e entender que nem tudo é uma emergência. Priorizar, decidir o que é fundamental, deixando de lado o que não agrega valor ou não exige urgência. Conectar-se, focar no presente no bem-estar, em vez de viver sob o peso da teoria de que tudo é para ontem. Agora, presta atenção no que eu vou te dizer. A vida vai continuar te testando. Os desafios não vão desaparecer. O mundo não vai ficar mais leve só porque você está cansado. Mas existe algo que muda tudo. A forma como você se posiciona diante disso tudo. Você não está aqui para sobreviver os dias. Você está aqui para liderar a sua própria vida. Então, quando o cansaço bater, quando a mente pesar, quando o corpo pedir pausa, lembre-se disso. Você é maior do que o momento que está vivendo. Você é maior do que o peso que está carregando. Você é maior do que os pensamentos que tentam te paralisar. Portanto, apenas descanse. As demandas da vida não pedem perfeição, pedem decisão. Decisão de levantar, decisão de agir, decisão de não se abandonar, decisão de colocar um passo na frente e ir devagar. Jesus sabia que as pessoas se cansavam muito e com muita facilidade, por isso que ele disse Venham até a mim vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Busque alívio em Deus. Um grande abraço a todos, obrigado por separar um tempo para estarmos juntos. Não se esqueça de baixar nossos episódios e envie para o máximo de pessoas possíveis. Eu fico aqui com a graça de Deus e descansando sempre nele. E você, tire um tempo para você, descanse, porque amanhã vai estar lá se Deus quiser. Esse foi mais um episódio do seu podcast, o podcast Pode Crerque.